O coroné chega pra bil das quengas e diz Bill das quengas você vai ser candidato nessa eleição
Bill eu
coroné?
Coroné Sim você
E eu disse
que vai ser CAN-DI-DA-TO! não vai ganhar eleição coisíssima nenhuma! Só precisa
atacar amundiçadamente o prefeito Mané Jipinho, que vai concorrer comigo, se
apoderar dos votos dele, enquanto eu me reelejo e depois eu lhe dou proteção política
ENTENDEU?
E o matuto
que não tem nada de besta faz o seguinte cometario:
- Olhe
coroné! Como eu sou um cabra vivido e espromentado nas beira de postulança
political, eu vou lhe dizer um retalho de sabença, que é a pronunça mais
apronunciada sobre política, que inxeste nesse mundaréu selvageado pelos animá,
vegetariado e barrido pelas palha dos coqueiro e aguado pelas onda do mar: Além
de sintoma prefeituroso, embocadura deputadal, cancha pra governador e senador
e sustança de presidente, o cabra pra ser político no Brasil, precisa no
mini-minimóro dos seguintes adjutórios:
Começar a
juntar dinheiro, pra depois começar a juntar gente; engolir muita rimunheta de
cabra falso, felaputista e pidão; desatar nó-cego de convenção; escutar
caquiado dificultoso de partidário que só tem um voto e olhe lá; entrar em embuança
de campanha; prometer como sem falta e faltar como sem dúvida; ficar refém da
língua do povo; pegar roleta de boca com camumbembe; fazer conchavo com
reservista da ditadura; desgaviar o caminho mode os quixó da oposição; receitar
pra má-de-monte; desmurmurar mulher falsa e coiseira; acompanhar inrrolamento
de papé-de-justiça; levar fama de ter esfrabicado moça donzela; levar fama de
ser corno, baitola e ladrão; agüentar fazimento de pouco de eleitor desbriado;
botar tamanca pra opositor bom de peia; bater quinhento de bombo com
xangozeiro; gritar aleluia em igreja Pegue & Pague; alegrar sessão
espírita; assistir meia missa e sair comungado; batizar menino feio com o nome
de Dysmeniélisson Jerry; dar dicomer do bom e comer porcaria; almoçar em lata
de goiabada; despronunciar discurso má-feito de candidato tabacudo; aplaudir
discurso desvirgulado, sem rumo e sem ponto final; cair do palanque e sair todo
ralado e se abrindo; aturar converseiro duplicado mesmo depois de banzeiro;
aturar gente furona e desconhecida dentro de casa; viver rindo e fumaçando pelo
fundo, feito ferro de engomar; acabar sua D-vintezinha na buraqueira; aturar
babões civis e militares; botar no braço menino novo do fundo cagado; tomar
cerveja quente de espuma murcha; tomar uísque Drury's sem gelo, numa xícara de
louça com tira-gosto de canjica; beber naquelas mesona de imbuia, numa saleta
escura e abafada, encostado numa cristaleira, e cercado de cabos eleitorais com
cada sovaqueira de torar; entregar taça de campeão a time safado; chorar em
velório de desconhecido; escrever bilhete com lápis de ponta quebrada;
professorar as iniciais do nome de campanha pra eleitor tapado; escorregar em
lama de esgoto; gritar ô-de-casa em casa oca; se abrir pra eleitor desabrido;
pagar cana pra pinguço desocupado; farejar poeira de bunda em palanque; levar
dedada no cá-pra-nós quando está nos braços do povo; escutar destampatório de
foguetão no pé do ouvido; magoar o dedo mindim em passeata; dormir chiqueirado
da mulher e dos filho; apertar mão de cotó; ganhar abraço fedorento; receitar
caixão de defunto e ambulânça; enfiar a mão em saco de dentadura pra distribuir
com a mundiça; comprar votos em dia de eleição; estelionatar voto em boca de
urna; entrar em embuança de apuração; dar cobro de voto roubado; apertar mão de
traidor oportunista, e depois de eleito começar essa camumbembage toda de
novo... DEUS O LIVE d'eu sair candidato! Chega me faltou suspiração... E eu vou
epilogar por aqui, porque conversa de política é feito coceira, só quer um
pezim e eu não mim candidato não pronto acabolce.
Jessier Quirino do livro (Agruras da lata dágua)
Jessier Quirino do livro (Agruras da lata dágua)