Quando
participou ativamente da política, na condição de candidato, o folclórico
Antonio Pereira Primo, deu um trabaio da gota, quando utilizava o microfone nos
comícios. Os discursos de Primo eram alongados, mas o povo gostava de ouvir
suas palavras. Ex-vereador na terra do Dantas, em milinovecentos e tererei, o
danado deixou marcas inesquecíveis na política devido o seu jeito engraçado.
Certa
feita durante um comício no centro da cidade de Quixaba, Primo foi convidado
para usar a palavra e começou: - Povo de minha terra, oem pra aquela praça, que
coisa bunita, antigamente só tinha cavalo cumendo mato e os minino correndo
atrás suado os rêgo, óia que rua bem calçada, antigamente era um barro vremei
da molesta e quando chuvia os minino levava baque, óia que coisa mais linda
essa cidade da gente! Quero dizê que foi Ontoim Pezão que feiz.
Enquanto
Primo se prolongava no discurso, a coordenação de campanha do candidato se
aperreava contra o tempo, isso porque o comício tinha hora para acabar e alguns
oradores queriam dar uma palhinha mostrando suas propostas. De minuto em minuto
um caba vinha junto a oreia de Primo, dava um cutucãozinho de leve e lembrava:
- oia a hora. Naqueles meios, o Primão já arretado da vida, arregalou as
'bila', se desconcentrou da fala e soltou o verbo no microfone:
-
Minha gente, vou ter que parar minha prosa porque estão me cutucando feito boi
ruim, aqui num tem nenhum animá não minha gente, toma treu diabo fi da peste. E
sortou o microfone nos peito do coordenador. A galera que estava assistindo
'colmício' deu risada a bersa. São estórias de gente da nossa região.
Por
Itamar França