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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Novamente, cantoria: coletânea é reeditada

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Segunda edição do livro "De Repente Cantoria", de Geraldo Amâncio e Vanderley Pereira, é relançada hoje no Ideal

Publicado originalmente em 1994, o livro "De Repente Cantoria - Uma coletânea de versos e repentes dos maiores cantadores do Brasil", assinado pelo cantador Geraldo Amâncio e o jornalista Vandeley Pereira, automaticamente virou leitura obrigatória aos interessados no assunto. São 480 páginas preenchidas com o resultado de mais de 10 anos de pesquisa sobre a história do gênero no País e recolhendo informações e obras de seus principais representantes.

Geraldo Amâncio completa 50 anos de idade em 2013. Repentista e pesquisador da poesia popular, já viajou para vários países em busca de material sobre o assunto

A noite de autógrafos do relançamento será hoje, a partir das 20 horas, no Ideal Clube. Na ocasião, apresenta-se a dupla de repentistas Zé Maria e Gonzaga da Viola, com clássicos da cantoria. Os versos do poeta Patativa do Assaré também serão lembrados, em apresentação do cantor Zé Carlos.

Editado pela primeira vez pela LCR, o livro estava fora de catálogo há alguns anos. A reedição sai pela editora Premius. O conteúdo coletado na pesquisa foi processado e dividido na obra em 17 capítulos temáticos, que, através das características afins entre os diversos autores, resgatam a trajetória e produção dos artistas populares. Fazem parte da coletânea cantadores do século XIX, de localidades como a Serra do Teixeira, na Paraíba, considerados os precursores da cantoria no País, até nomes de destaque do século XX como Cego Aderaldo.

Pesquisa

"Eu pesquisei a cantoria na França, na Itália, em Israel e até na Palestina", ilustra o autor, sobre a natureza da pesquisa realizada. Além do material coletado durante a investigação in loco por Geraldo Amâncio, o livro contém uma seleção de fotos e uma extensa bibliografia, utilizada por Geraldo e pelo jornalista Vanderley Pereira para remontar a trajetória dos poetas.

"Pegamos desde a primeira geração de cantadores até a atual. Ao todo, contabilizamos nove gerações. Eu sou da sétima", detalha Geraldo. O autor completa 50 anos de idade em 2013, mais de 20 deles dedicado à divulgação da cantoria. Ele apresenta aos domingos, na TV Diário, o programa "Ao Som da Viola".

Os versos e a história dos cantadores pesquisados são analisados de acordo com o conteúdo dos repentes, classificados em temas como "Humor e Sátira", "O Cantador e os Animais", Racismo no Repente", Filosofia Popular", "Religião e Fé" e "O Protesto do Cantador".

História

A cantoria, segundo narra o pesquisador, foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses. A primeira aparição de que se tem registro aconteceu na Serra do Teixeira, na Paraíba, onde era cultuada por artistas da família Nunes.

"A cantoria tem cerca de dois séculos, surgiu por volta do século XIX. O primeiro grande cantador da localidade de que se tem registro foi Ugolino Nunes da Costa", detalha. Antes dele, o pai de Ugolino, Agostinho Nunes da Costa, em finais do século XVIII, já era conhecido como "O Trovador" e era mestre na arte da poesia de improviso. Existe aí uma diferença, pondera, entre o repente, que é o termo direcionado a poesia popular declamada sem o auxílio de instrumentos musicais e a cantoria em si. O repente, remonta ao século XVII, tendo como precursores o padre Domingos Caldas Barbosa e o escritor Gregório de Matos.

Definições

O objeto do livro "De Repente Cantoria" inclui variações classificadas como peleja, repente, improviso, desafio, cantiga de viola, contenda e baião de viola. São variantes regionais para a poesia que é cantada em dupla nas diversas localidades do sertão nordestino. O autor chama atenção parra que não se confunda, no entanto, os poetas populares e a história dos cordelistas com a dos cantadores repentistas. Embora muitas vezes o mesmo poeta exerça os dois ofícios, como o próprio nome deixa explícito, a arte do improviso cabe apenas ao repentista.

O Ceará, destaca Geraldo Amâncio, está entre os estados cearenses com maior concentração de bons repentistas. "O melhor e mais famoso cantador do Nordeste chama-se Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego Aderaldo. E era cearense, do Crato", orgulha-se.

Assim como acontece com a produção de muitos dos cantadores no Nordeste, apesar de ser um mito na região, Aderaldo também tem uma bibliografia sobre a sua produção bastante restrita. Trechos de sua obra são reproduzidos, destacando-se passagens como as pelejas do cantador que utilizavam como argumento sua cegueira. "Hoje eu não vejo os abrolhos / Dos lindos cravos azuis / Não vejo o mar cheio de escolhos / E o céu recamado em luz/ Mas tenho fé que os meus olhos / Um dia hão de ver Jesus", respondia em cantoria o cego. "Este livro é considerado pela crítica um dos mais importantes da bibliografia sobre o assunto", reforça o autor, sem falsa modéstia sobre o papel histórico da obra.

Mais informação

Lançamento da segunda edição do livro "De Repente Cantoria". Hoje, às 20 horas, no Ideal Clube (Av. Monsenhor Tabosa, 138 - Meireles). Contato: (85) 9948.7078

LIVRO

De Repente Cantoria
Geraldo Amâncio e Vanderley Pereira
Premius
2013, 480 páginas
R$ 50

FÁBIO MARQUES
REPÓRTER 

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