Não. Tenho que ir. Minha paciência é muito curta pra
agüentar um trânsito tão lento quanto este aqui, da Capital. O para-anda-para
sem fim, essa hora e meia perdida de minha casa até o centro da Cidade é uma
hora e meia perdida que poderia muito bem ser aproveitada olhando o mar,
passeando descalço na areia branca da praia, escutando um Maciel Melo ou um
Xangai ou lendo alguma coisa que preste. Que fazer? Voltar pro interior e não
sofrer tanto com o caos urbano? Mas, e a Praia, a areia, o sol se pondo onde acaba
o mar? É, como tudo na vida, uma questão de escolha entre alternativas que se
nos apresentam. O ideal seria um mar no Crato ou um Crato no Recife, com suas
ruas desentulhadas de carros, com o poder ir e vir ao centro sem precisar parar
a cada 5 metros e, enquanto isso, ingerir tudo que a poluição nos oferece, de
graça. Sem a menor graça.
Fonte: Na cacimba da poesia