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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Homenagem ao Poeta Zé Marcolino

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Seu ofício era a arte de cantar
catedrático nas aulas da natura
cinturinha de abelha era a cintura
das morenas nas noites de luar.
Afiou-se na pedra de amolar,
mas a pedra da morte é afiada.
Ficou o barro batido da latada,
sem as marcas dos pés do dançarino.
Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada.
Bira e Fátima não param de gemer.
O serrote é agudo e está de prova
com o tempo secou caçimba nova
nunca mais o seu dono vai encher.
Quem botou Severina pra moer,
foi moído na última caminhada.
E a limpeza da sala rebocada
é a cara do povo nordestino.
Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada.
Foi parceiro de Lua e gravou disco
suas músicas passeiam por aí.
Triste pássaro carão do Cariri
que voou procurando o São Francisco
Um vem-vem voejando tão arisco
quando achou Pernambuco, fez morada.
Outro mito pisou Serra Talhada
e fez-se pó junto ao pó de Virgulino
Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada
Foi a vaca o motivo desse choro
sem querer nos causou tanta saudade
Um poeta tem mais utilidade
do que carne de vaca, leite e couro.
Era filho de Sumé e valeu ouro
criatura telúrica e inspirada
Escreveu um poema pra estrada
e sucumbiu nas estradas do destino.
Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada.

(Ivanildo Vila Nova)

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