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domingo, 16 de dezembro de 2012

O Rei do Baião A fogueira ta se apagando..

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Hoje, o moderno é não falar de rimas. Quando Zé Dantas empunhava a pena para escrever um verso, o universo inteiro a ele se curvava, e o rei chegava com a melodia, um baião surgia, e o povo cantava, e o povo ficava naquela euforia, uma fogueira acendia, uma moça gritava, o fole roncava, era aquela alegria. A fogueira de hoje seu moço, mal acende se apaga, não tem mais Gonzaga, não tem mais poesia.
Humberto Teixeira, Zé Dantas, Zé Marcolino, João Silva, e tantos outros menestréis que fizeram a escrita para a majestosa obra de Luiz Gonzaga, também merecem o nosso apreço, naquele cantinho da história da música brasileira, nordestina.
Para se cantar Luiz Gonzaga, é preciso ter no sangue, a coragem de um povo farto de sol, à espera de que um dia a chuva venha. É preciso saber das crenças, dos costumes e ter o sotaque de quem traz na alma, a aridez aguda dessa gente sofrida que além de tudo ainda continua sendo forte. É preciso ser rasgadamente sertanejo se deixar levar na dança pelos braços de uma cabocla sestrosa e suadeira, daquelas que se derrete toda quando entra num forró.
Gonzaga, não era só um sanfoneiro. Era um gênio. O rei do baião. O ídolo da gente. E quando se aproximava o mês de junho, lá vinha ele entoando alguma cantiga geralmente em parceria com Zé Dantas, Zé Marcolino, Humberto Teixeira, Onildo Almeida, e por último João Silva, Arcoverdense arretado. Ê tempinho bom! É por isso que digo: Luiz Gonzaga era um divisor de águas. Dividiu a história da música brasileira em antes e depois dele. Era música popular e não pra pular. Ê! Saudade. Saudade das machinhas juninas que Paulo Carvalho tanto sente falta, e por isso, com toda razão, não dar nenhum incentivo a essa folclorização urbana que infelizmente, Pernambuco ainda insiste em absorver, mesmo sabendo do potencial interno bruto: bruto no sentido da autenticidade, e não no sentido da ignorância que tanto se propaga. Não temos nada a ver com isso. O problema é dos cegos que não enxergam a razão desse povo. O meu Brasil é Pernambucano e a nossa música é universal. O buraco é mais em baixo companheiro.
É aí, que eu me encaixo, e assim me acho seguidor e fiel discípulo da imensa sabedoria desse cantador. Podem me chamar de cafona, eu gosto é de sanfona, eu gosto é de forró.

Maciel Melo Sobre Luiz Gonzaga

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