Eu nascí lá num recanto
Do sertão que amo tanto
Onde o céu desdobra o manto
Feitos de rendas de anil
Onde o firmamento extenso
É um grande espelho suspenso
Refletindo o rosto imenso
Da minha pátria o Brasil
Existe lá um baixio
Onde um sonolento rio
Descança o dorso macio
Numa estrela de cristal
Naquele terreno vasto
Onde a terra tem mais pasto
Onde o Brasil é mais casto
Eu ví meu berço natal
Nascí fitando as colinas
Onde as águas cristalinas
Espalham pelas campinas
O pranto que o céu chorou
Onde a Terra forma um adro
Mostrando a risco de esquadro
O mais invejável quadro
Que a mão de Deus desenhou
No meu sertão brasileiro
Foi aonde eu ví primeiro
O cantador violeiro
Modulando uma canção
Fazer da alma cigarra
Da garganta uma cigarra
Da vida uma eterna farra
E do Brasil um coração
(Rogaciano Leite)