Rede formada por cerca de mil organizações da sociedade civil, entre
elas a Diaconia, a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) assinou, no último
mês de janeiro, dois novos termos de parceria junto ao Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS), visando a implementação de oito tipos de
tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de chuva. O
investimento será de R$ 177 milhões, voltados para garantir uma melhor
convivência dos agricultores familiares com os períodos de estiagem e pós-seca
no Semiárido brasileiro.
Através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), a água própria para o
consumo será levada a 85 municípios dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará,
Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. Serão 34.910
famílias beneficiadas com as cisternas de placas de 16 mil litros (foto). Isso
significa uma média de 175 mil pessoas, que habitam a região, tendo acesso a um
direito básico e fundamental: a água.
Para complementar, outras 13.315 famílias conquistarão tecnologias que
guardam água destinada à produção de alimentos. Serão 4.100 cisternas-calçadão,
1.900 cisternas-enxurrada, 315 barragens subterrâneas, mil barraginhas, 2 mil
barreiros-trincheira, 200 tanques de pedra e 200 bombas d’água popular. Essas
implementações compõem o Programa Uma terra e Duas Águas (P1+2), cujo
investimento será de cerca de R$ 96 milhões.
De acordo com o coordenador do P1MC, Jean Carlos Medeiros, a renovação
da parceria entre a ASA e o governo federal representa a continuidade de um
trabalho sério que já vem sendo desenvolvido a mais de uma década. “Representa
também o reconhecimento público por parte do governo federal das ações da ASA”,
avalia. O coordenador do P1+2, Antônio Barbosa, complementa: “esse Termo de
Parceria valoriza também a parte mais metodológica, as experiências, ou seja,
agricultores e agricultoras produzem conhecimentos que se confrontam com a
realidade, como a forma diferente de manejar terra, animais”.
Parceria havia sido interrompida em 2011 – Em dezembro de 2011, o
governo federal anunciou a ruptura da parceria com a ASA e, paralelamente,
iniciou a distribuição de cisternas de polietileno (PVC), alegando que seria
mais rápido levar água até às famílias do Semiárido.
Em protesto, cerca de 15 mil pessoas que vivem e trabalham no Semiárido
atravessaram a ponte que separa Juazeiro e Petrolina, ocupando as ruas da
cidade do sertão pernambucano, para dizer "não" às cisternas de
plástico e para reivindicar a participação da sociedade civil na construção da
política pública.
Fonte:http://www.diaconia.org.br/novosite/midia/int.php?id=485